Canto I
Carta Inicial
Os reis daquele tempo ordenam que suas
naves façam uma expedição para além dos limites dos espaços conhecidos, em
busca de novos mundos e povos desconhecidos que os habitavam. Os chamados
"argonautas" cruzam o desconhecido para encontrar novos reinos onde
possam implantar sua fé, sua tradição e sua realidade.
Dentro da nave
Os tripulantes enviam uma nave-correio
para o rei informando os progressos da viagem e o registro da expedição.
Nave- correio chegando ao planeta
real!
As memorias gloriosas dos reis que
foram espalhando pelo espaço: o império, a fé e as terras "viciosas”. Que
cesse a fala e o canto sobre as conquistas anteriores, de outros povos, que
outro valor, mais alto, “aparece”. Pede por bons instrumentos para
"cantar". Fala sobre a esperança do aumento da cristandade e sobre
uma árvore que é chamada "cesárea" ou "cristianíssima".
Engrandece seu rei, desdenha dos outros povos e insulta-os.
Mensagem chega e é mostrada ao rei.
Projeção
Fala do amor à pátria. Engrandece
novamente o nome de seu rei e diz que irá julgar o que é melhor: ser rei do
mundo ou se de “tal gente”. Fala que suas musas excedem as sonhadas. Fala dos
céus e elogia o padre. O padre “ensina” aos deuses, fala dos poderes singelos
dos deuses e fala para “esquecerem” os humanos. Fala de uma pausa na viagem, de
um desentendimento entre o padre, júpiter e vénus. Merencório se levanta e dá
um sermão no padre. Depois de um tempo todos os deuses vão embora.
Dentro da nave
Vasco comenta que as ilhas à sua
frente estão fora das rotas do espaço conhecido, porém, estão nos relatos não
oficiais. Dizem que lá poderão encontrar nativos com “sensitividade psiônica” e
que os mesmos poderão ajuda-los a navegar pelo hiperespaço. Eles se aproximam
da “terra” para fazer contato e até, talvez, trazer alguns nativos á bordo.
Descrevem como são os nativos, que falavam na língua arábica. Os nativos fazem
varias perguntas aos lusitanos que, por sua vez, respondiam discretamente. Os
lusitanos dizem que estão à procura da terra oriental a mando do seu rei. Os
nativos falam de sua ilha, chamada Moçambique. Os nativos saem da nave
desejando sorte aos lusitanos. A nave segue seu percurso, atravessa a noite e
amanha. Vasco presenteia um mouro, encontrado no caminho, com comida e bebida.
O mouro, ao observar os trajes de Vasco, pergunta se Vasco não vinha da Turquia.
O mouro pergunta das armas usadas durante a peleja e pede para vê-las. Vasco
diz que não vem da Turquia, mas, da “belicosa” Europa e que está em busca das
tão famosas terras da Índia. Fala do cristianismo e mostra suas armas, apenas
as de artilharia ligeira. O mouro não contente fica bravo, porém, não demonstra
isso. Ele sai ainda raivoso, da nave.
Deuses
Júpiter reclama dos acontecimentos
recentes e trama um plano contra o lusitano Vasco. Júpiter se transforma em
humano e vai ao encontro do mouro. Diz a ele que os lusitanos, que o visitaram,
por onde passaram “deixaram a fama” de ladrões. Júpiter também fala que por
onde passam praticam: roubo, incêndios violentos, etc. Fala que: o capitão,
Vasco, acompanhado dos “seus” descerá muito cedo, das aguas a terra, e que o
mouro, com quem fala, deve descer com os seus soldados armados para armar uma
cilada para os lusos que, por sua vez, cairiam facilmente, caso contrario, ele
tinha outro plano. Usar um piloto, astuto e prudente, para que leve os lusos
para aonde sejam destruídos. O mouro abraça júpiter agradecendo o conselho.
Eles falam com o piloto e lhe contam o plano.
Manhã de guerra
As naus chegam, com a intenção de
chegarem despercebidas, a terra, porem são recebidos com “som de guerra”. Os
mouros perto da marguem acenando com suas armas. Os portugueses percebem que é
uma cilada e mostram sua artilharia pesada. Os batéis pegam fogo, destruição e
morte se espalham pelo território da ilha. Os mouros tinham artilharia barata,
não tinham como se defender. Sua terra é devastada, são poucos os que
sobrevivem. O mouro se “desculpa” com lusitano em paz, porem com segundas
intenções de guerra. Os lusos sobem a bordo da nave com o piloto mouro. O piloto
continua tramando em sua cabeça, um modo de acabar com os lusos a bordo antes
de chegar às índias. Piloto comenta de uma ilha próxima que o povo cristão
sempre habitou. O capitão, curioso, pede ao piloto que o leve a ilha. O piloto obedece
a Vasco e segue para a ilha; cujos habitantes seguem, na verdade, Mahamede. A
deusa Vênus sabendo da situação não consegue permanecer sem tomar uma
providencia, ela, com ventos contrários, devia a nave da morte certa para aonde
o piloto falso guiava os lusos. Vasco não contente pede que o navegador trace
uma rota alternativa, ele, por sua vez, diz que há uma ilha próxima onde habitam
cristãos e mouros juntamente, porem, lá também habitavam seguidores de
Mahamede. Vênus, a deusa guardadora, impede novamente o plano do mouro
mal-intencionado. O rei daquela ilha já
havia sido avisado, Vasco e sua tripulação corriam grande perigo. Vasco fica
pensando sozinho.
Canto II
As naus chegam à ilha chamada Mombaça
e ancoram na mesma.
Dentro da nave
Vasco pergunta sobre a ilha para o
registrador e ele informa o nome da ilha, fala sobre suas boas condições e diz
que o orientador psiônico lhes afirma que naquela ilha existem cristãos. Eles
recebem a bordo um emissário do rei de Mombaça no convés de proa. O emissário
diz a Vasco que o rei de Mombaça esta ansioso para vê-lo, agasalha-lo e, se
necessário, reforma-lo. Pede que Vasco e sua armada desçam a terra, para que,
possam descansar e serem reformados. Também diz que, caso esteja buscando mercadorias,
“produz o aurífero levante”, canela, cravo etc., remédios e, se pedraria, lhe
indica o rubi e o diamante. Vasco lhe agradece as palavras do rei e diz que
esta ficando tarde e, por isso, não entra. O capitão também diz que quando
estiver de dia, sem perigo, a frota irá, sem medo, e cumprira, sem temor, sua ordem.
Vasco pergunta ainda se naquela terra há cristãos o astuto mensageiro lhe diz
que sim e Vasco acredita no que o mesmo lhe responde. O mensageiro se vai. O
registrador pergunta a Vasco o que ele acha do emissário e Vasco lhe responde
que, por enquanto, acha que podem confiar nele, mas, que se pudesse mandaria
alguém ir inspecionar o local. Um soldado sugere dois tripulantes detidos por
tumultuar o embarque Vasco aprova a ideia e diz que, se bem-sucedidos, serão
perdoados. Vasco manda os dois soldados mais perspicazes para que descubram se,
de fato, existem cristãos nessa terra. Eles descem e, com gestos alegres e falsos,
são recebidos. Depois de mostrarem ao rei o recado e os presentes que traziam,
correram para a cidade e perceberam que os mouros cuidadosos se ocultavam de
mostrar-lhes tudo o que pediam. Baco monta um belo altar e, disfarçado de
cristão, adora-o. No altar, a imagem da
santa. Os dois soldados são conduzidos por Baco, o cheiro de incenso era forte,
e assim ele, o falso deus adorava o verdadeiro. De noite foram agasalhados,
ainda não sabendo do engano. Os soldados voltam à nave com o recado do rei,
dizendo que entrassem. Eles afirmam que naquela terra existem realmente
cristãos e que não a perigo. Dizem ainda que viram objetos sacros e santo
sacerdote, que ali se agasalharam e dormiram e que não havia suspeitas de que
naquela terra viviam cristãos. Vasco recebe os mouros em sua nau, alegremente,
e a nau de falsa gente se enchia. Em terra, os mouros se preparavam munidos de
armas, para atacar os lusos e vingar o povo moçambicano pelos mal que os
portugueses lhes causaram. As naus ancoradas “flutuam” e o vento bate em suas
velas.
Externo ao navio
Vênus ao perceber o perigo que seus
protegidos corriam, desce dos céus para o mar e convoca as neréiades para
ajuda-la a impedir o ataque da armada moura. As neréiades nadam apressadas para
impedir os mouros. Vênus furiosa, nos ombros de um tritão, vai em direção ao
perigo. Chegando perto de onde o vento intenso bate nas velas, as nereidas se
separam e ladeiam as naus. Elas se posicionam de modo que o vento não consegue
mover as naus, apenas suas velas, e fazem com que as naus se desviem do ataque.
Dentro da nave
Os soldados pensam que é um maremoto e
dizem que as condições meteorológicas não falam sobre isso. As naus recuam
forçadas; ainda com alguns mouros, muito irritados, a bordo. O barulho
assustador aumenta e espanta os mouros, mesmo sem saberem o motivo de tanta
ira. Os mouros imaginam que seus planos mal-intencionados haviam sido
descobertos e que por isso seriam punidos. O medo “fazia” com que os mouros se
lançassem aos seus batéis, preferindo se arriscar nos mares a se render ao
inimigo. Os mouros tentam, em vão, escapar e nas aguas é possível avistar suas
cabeças. E assim os mouros e o piloto fogem, amedrontados, achando que seu
plano havia sido descoberto. Mas, morrem ao se chocar em uma rocha. Os lusos
içam a ancora e todas as naus ao seu redor também. Não mais ventava com a
braveza anterior e nem os mares tinham a correnteza tão forte como antes,
porem, as naus não podiam se mover para adiante. Vasco, agradecendo o milagre, fala
da cilada inesperada, e evidente, e da qual Vênus os protegeu. Comenta sobre Vênus
ser a única que poderia resolver seu problema sabiamente sem correr perigo. Disserta
sobre a falta de honestidade dos mouros para com eles e pede, ainda, que a
deusa Vênus cuide dos que, sem ela, não tem proteção. Vasco elogia Vênus e pede
também para a deusa guia-los até as terras que procuram. Vênus se comove com as
palavras de Vasco, sai do fundo dos mares repentinamente e vai para o sexto
céu, onde se encontra o padre. Vênus vai graciosa pelo caminho. Na narração é
muito elogiada, falam de suas vestes e de suas características. Mais meiga do
que triste, Vênus fala ao padre que sempre cuidou das pessoas que amava que esse
era o povo dela e que é por eles que derrama essas lagrimas. Lagrimas percorrem
o rosto da deusa. Júpiter se sentiu culpado por fazer Vênus chorar, abraça-a e
tenta consola-la. Júpiter lhe diz para Vênus não temer, pois ele protegera o
povo lusitano. Ele sita vários exemplos de seres que protegeu. Júpiter promete
que os lusos chegaram a um porto que lhes será muito conveniente, onde poderão
descansar por um longo período de tempo. Fala que os mouros iram se arrepender
de terem feito mal aos lusos e que serão punidos por isso.
Canto III
O narrador começa por invocar Calíope,
musa da poesia épica, para que lhe ensine o que Vasco da Gama contou ao rei de
Melinde. A partir daqui o narrador passa a ser Vasco da Gama. Segundo ele, não
contará história estranha, mas irá ser obrigado a louvar os seus, o que,
segundo ele, não será o mais correto. Por outro lado, receia que o tempo de que
dispõe, por mais longo que seja se torne curto para tantos e tão grandiosos
feitos. Mas obedecerá ao seu pedido, indo contra o que deve e procurando ser
breve. E, para que a ordem leve e siga, irá primeiro tratar da larga terra e,
em seguida, falará da sanguinosa guerra.
Após a descrição da Europa, Vasco da
Gama fala das origens de Portugal, desde Luso a Viriato, indicando
também a situação geográfica do seu país relativamente ao resto da Europa. A
partir da estância 23, começa a narrar a História de Portugal desde o conde D.
Henrique até D. Fernando, último rei da primeira dinastia.
Os principais episódios narrados dizem
respeito aos reinados de D. Afonso Henriques e a D. Afonso IV.
Relativamente ao primeiro rei de
Portugal, refere as diferentes lutas travadas por ele: contra sua mãe, D.
Teresa, contra D. Afonso VII e contra os mouros, para alargamento das
fronteiras em direção ao sul. São de destacar os episódios
referentes a Egas Moniz (estâncias 35-41) e a Batalha de Ourique (estâncias
42-54).
No reinado de D. Afonso IV,
destacam-se os episódios da formosíssima Maria, em que sua filha lhe vem pedir
ajuda para seu marido, rei de Castela, em virtude de o grão rei de Marrocos ter
invadido a nobre Espanha para conquistá-la; o episódio da batalha do Salado, em
que juntos os dois Afonsos vencem o exército árabe; e, finalmente, o episódio
de Inês de Castro, a mísera e mesquinha que depois de morta foi rainha.
Canto IV
O canto IV começa por referir o
interregno que se seguiu à morte de D. Fernando, entre 1383-85, e, em seguida,
foca o reinado de D. João I, apresentando-nos os preparativos para a guerra com
Castela, a figura de D. Nuno Alvares Pereira, o seu insurgimento contra aqueles
que se colocaram ao lado de Castela, entre os quais se contam os seus próprios
irmãos, e a Batalha de Aljubarrota, que opôs D. João I de Portugal a D. João I
de Castela. Em seguida, é narrada a conquista de Ceuta e o martírio de D.
Fernando, o Infante Santo.
São a seguir apresentados os reinados
a seguir a D. João I, entre os quais os de D. Afonso V e de D. João II. No
reinado de D. Manuel I, é apresentado o seu sonho profético (estâncias 67-75).
D. Manuel I confia a Vasco da Gama o descobrimento do caminho marítimo para a
Índia e é-nos depois apresentada a partida das naus, com os preparativos para a
viagem, as despedidas na praia de Belém e, finalmente, o episódio do velho do
Restelo, no qual um velho de aspecto venerando critica os descobrimentos,
apontando os seus inconvenientes e criticando mesmo o próprio rei D. Manuel I,
que deixava criar às portas o inimigo, no Norte de África, para ir
buscar outro tão longe, despovoando-se o reino e enfraquecendo-o
consequentemente.
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